A mulher que desejo ser

Sonetos Apócrifos IX, A mulher que desejo ser. Para Peter, o Bretão. Marseille, França (2141)

“Desejo ser para ti:
A mulher que espera e sonha.
Que tece a ternura dos dias,
Com mãos sábias,
Fios em sua pele.
A mulher que te ouve,

Que entende.
A mulher que se encaixa,
Nas ranhuras de suas vaidades.
Qual perfume que embebe os poros.
Tua mentira,
Pura verdade.

Quero ser a mulher livre
Que se dissolve em seu paladar,
Que te nutre,
Te sacia.
Que te beije e te ama.
Tua fêmea,
Tua amiga.
A mulher em tua vida

Desejo ser a mulher
Aquela que é santa,
Que não te cobra
Não contradiz.
Ser as mulheres que tu deseja.
A pura
A Meretriz.
Em todas as minhas fendas,
Montes e relevos,
Quero ser o desejo
Quero ser tua atriz.

Quero ser para você,
A mulher que sonha e cose,
A mulher que ama e incendeia,
Que ora e seduz,
Os méis do meu corpo,
Dor e ânsia,
Prazer e luz.
Mulher dona na cama,
Lângida,
Nua,
Mulher de verdade,
Mulher intensa,
Mulher Tua.”

©Júlio Mato Grosso (2012). Todos os Direitos Reservados.